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A qualidade do ar interior – QAI está intimamente ligada ao conforto ou ao bem-estar do ocupante, ou seja, a sua percepção no ambiente habitado.
Nós sentimos a temperatura ar, a umidade, a velocidade de circulação, os ruídos e odores no ar. Então podemos dizer que se nos sentimos bem em um determinado ambiente, a qualidade do ar estará adequada? Não é o suficiente!
Dentro do campo da percepção, podemos nos sentir desconfortáveis em ambientes onde os móveis e utensílios estejam cobertos de poeira, ou mesmo quando vemos partículas em suspensão nos focos de luz. Isso quer dizer que se mantivermos o ambiente, os móveis e utensílios limpos, a qualidade do ar estará adequada? Também não é suficiente!
Carta Ânua da Província do Brasil, de 1583, do Provincial José de Anchieta ao Geral P. Cláudio Acquaviva. Bahia do Salvador, 1º de janeiro de 1584.“Colégio Jesuíta da Bahia”
…Nada de novo foi acrescentado ao edifício do colégio, a não ser uma enfermaria, bastante espaçosa, exposta por ambos os lados ao ar fresco e salutífero.”
A carta escrita por José de Anchieta destaca, de modo geral, que a enfermaria com janelas fez-se notar que os doentes se recuperavam de forma mais rápida. O fato tornou-se histórico, destacando a importância da qualidade do ar nos ambientes para a saúde dos ocupantes.
Naqueles tempos a percepção da qualidade do ar era mais direta, pois a iluminação era feita por velas ou lampiões, que além de fumaça, introduziam quantidades consideráveis de odores e CO2 no ambiente. Entretanto, a sabedoria milenar desenvolveu soluções de arquitetura contemplando a ventilação natural e exaustão de poluentes que são utilizadas até os dias atuais.
Um exemplo simples: pé direito alto (termo que define a altura entre o piso e o teto) com aberturas para conduzir os poluentes para fora da zona habitada, melhorando assim a qualidade do ar interior.
É preciso entender que somente a percepção não basta. Para garantir a qualidade do ar, precisamos controlar determinados parâmetros do ambiente a saber (e por enquanto):
– Temperatura do ar;
– Umidade relativa do ar;
– Concentração de CO2;
– Quantidade de partículas em suspensão.
A temperatura e umidade relativa do ar são controlados pelos equipamentos de ar condicionado, já a concentração de CO2, é controlada através da renovação de ar que é introduzido no ambiente.
As primeiras normas ABNT sobre o assunto (NB10 e NBR6401), tratavam deste tema fixando uma determinada vazão de ar externo dependendo do número de pessoas e a área do ambiente. A filtragem de ar era determinada segundo o tipo de ambiente com classes de filtros pré-determinadas.
A norma atual NBR16401 é um aperfeiçoamento das anteriores, porém, não determina a metodologia de cálculo de concentração de CO2, e tampouco a concentração de partículas no ambiente. Mas isso vai mudar!
O CO2 é um gás inodoro e inofensivo nas concentrações normais, relativamente fácil de ser medido e pode ser utilizado como referência no controle de outros contaminantes presentes no ar, tais como VOCs, gases orgânicos, dentre outros.
A revisão da NBR16401, ora em curso estabelece no item 5 do anexo C, procedimentos que permitirão calcular a vazão de ar externo necessária para diluir e manter os índices de CO2 em níveis pré-estabelecidos em função do tipo de ambiente, número de pessoas, área ocupada, tipo de distribuição de ar, atividade física e concentração de CO2 do ar externo.
Várias publicações em revistas especializadas, em particular a “Environmental Health Perspectives”, um estudo divulgado em junho de 2016 feito por uma equipe de Harvard, demonstra que várias capacidades cognitivas das pessoas sofrem decréscimo considerável com a elevação do nível de CO2 no ambiente. Níveis de 2500 ppm e acima, por exemplo, ocasionam consideráveis decréscimos na qualidade do ar, prejudicando a capacidades de tomada de decisão, iniciativa e orientação de tarefas, entre outras.
A revisão da NBR16401 ora em curso estabelece no item 6, anexo E, procedimentos que permitem calcular e definir o sistema de filtragem necessário para controlar a concentração de partículas no ambiente em função de:
– Concentração desejada;
– Concentração no ar externo;
– Geração interna de partículas;
– Vazão de ar externo e;
– Vazão de recirculação.
A classificação dos filtros de ar segue a norma NBR-ISO 16890-1.
Estudos feitos na Europa verificaram que a mortalidade respiratória para cada 10 µg / m³ de aumento de PM10:
– Aumentava em 0,58%;
– A taxa de prevalência de doenças respiratórias aumentou em 2,07%.
Da mesma forma, para cada 10 µg / m³ de aumento de PM2,5:
– A taxa de hospitalização aumentou 8%;
– Aumento na morbidade e na mortalidade das doenças cardiopulmonares;
Essa correlação foi mais evidente em idosos, gestantes, adolescentes, lactentes, pacientes com história de problemas cardiopulmonares e outras populações suscetíveis.
Em resumo, o ar condicionado com sistema de renovação do ar é uma necessidade nos dias de hoje. É bom, limpinho e faz bem!
E você, quer deixar o seu ambiente com ar renovado e com qualidade de vida? Venha conversar com a gente!
Conteúdo produzido por: Eduardo C. Bertomeu – Consultor Técnico da Sicflux.
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