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Não é novidade pra ninguém que o ano de 2020 está se configurando como um novo período destrutivo para as florestas no Brasil. As queimadas estão afetando diretamente a produtividade das safras, gerando impactos ambientais e econômicos. Quando desmatada, a floresta manda menos umidade para as plantações ocasionando menos chuvas e mais calor, o que acaba impactado também na qualidade do ar.
O desmatamento no primeiro semestre de 2020 aumentou 25% em relação ao mesmo período no ano passado. Em abril de 2020, as áreas desmatadas e não queimadas em 2019 somadas às recém-desmatadas já totalizavam 4.509 quilômetros quadrados na Amazônia – aproximadamente o tamanho de 451.000 campos de futebol (a área queimada total em 2019 foi de 5.500 quilômetros quadrados).
Em junho de 2020 registrou quase 20% mais focos de calor que junho de 2019, e julho teve um aumento de 28% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Uma análise recente do IPAM mostra que a maioria dos estados com altas taxas de desmatamento (Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia) teve ainda mais queimadas no primeiro semestre de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.
Outra região que está sofrendo com as queimadas é o Pantanal. Em apenas oito meses de 2020, o Pantanal registrou o equivalente às queimadas sofridas nos últimos seis anos. Os números são assustadores: entre janeiro e agosto, 10.153 focos foram identificados no bioma, número que supera a soma dos focos registrados entre 2014 e 2019 (10.048). O dado foi destacado a partir de informações do INPE.
Somente em setembro, o Inpe registrou 4.611 focos de incêndio no Pantanal. Ao comparar setembro deste ano com o mesmo período do ano passado, até 13 de setembro de 2019 foram registrados 1.534, enquanto em 2020 o total é 4.611 – o aumento é de 200%, o que representa mais de 3 vezes o total atual.
As consequências da destruição da Amazônia brasileira se estendem muito além do Brasil. As florestas são áreas naturais de armazenamento de carbono que absorvem dióxido de carbono da atmosfera ao longo do tempo, que é um dos principais gases de efeito estufa que causam as mudanças climáticas.
Nesse sentido, a Amazônia desempenha um papel único no combate às mudanças climáticas, armazenando cerca de 100 bilhões de toneladas de carbono – o equivalente a dez anos de emissões globais de gases de efeito estufa – e removendo cerca de 600 milhões de toneladas da atmosfera a cada ano.
As queimadas produzem uma mistura de poluentes tóxicos que podem permanecer no ar por semanas. Estes poluentes incluem monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio, carbono negro, carbono marrom e precursores de ozônio, entre outros.
Existem três variáveis principais que podem amplificar a extensão e intensidade das queimadas na região amazônica:
• Fontes de ignição: as queimadas são esmagadoramente provocadas de forma intencional por pessoas, sendo as queimadas ilegais possibilitadas por uma fiscalização ambiental ineficaz.
• Material combustível: a vegetação morta do desmatamento, deixada para secar no solo da floresta, serve de combustível para queimadas.
• Condições climáticas: o tempo excepcionalmente quente e seco na floresta tropical pode permitir que o fogo se espalhe rapidamente, ampliando seu potencial destrutivo durante os anos de seca.
O impacto das queimadas na saúde pública é maior para os povos indígenas da Amazônia. A destruição do meio ambiente afeta sua saúde e também sua subsistência. O desmatamento e os incêndios florestais subsequentes geralmente ocorrem nos territórios indígenas ou próximo deles, às vezes danificando plantações e afetando o acesso humano a alimentos, plantas medicinais e caça.
A fumaça é rica em material particulado fino, um poluente ligado a doenças respiratórias e cardiovasculares, bem como morte prematura.
A principal ameaça à saúde pública, entretanto, é o material particulado menor que 2,5 micrômetros de diâmetro, conhecido como PM 2,5 – um dos principais componentes da fumaça. Quando inalado, o PM 2,5 penetra facilmente no pulmão e entra na corrente sanguínea, permanecendo no corpo por meses após a exposição.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a exposição à fumaça e cinzas produzidas pelas queimadas pode causar:
– Irritação nos olhos, nariz, garganta e pulmões;
– Redução da função pulmonar, incluindo tosse e sibilo;
– Inflamação pulmonar, bronquite, agravamento de asma e outras doenças pulmonares; e
– Exacerbação de doenças cardiovasculares, como insuficiência cardíaca.
Crianças, pessoas idosas, gestantes e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas preexistentes são mais suscetíveis aos efeitos na saúde associados às queimadas.
Em longo prazo, a exposição à poluição do ar também tem sido associada a doenças crônicas e morte prematura. Para se ter uma ideia, em todo o mundo, a poluição do ar devido à queima de florestas e outras vegetações pode causar até 435.000 mortes prematuras a cada ano.
Há três décadas, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) – órgão consultivo e deliberativo que reúne representantes de diferentes esferas do governo, sociedade civil e setor empresarial – editou uma resolução que previa uma rede de monitoramento da qualidade do ar no Brasil. Esta rede, contudo, ainda não foi implementada adequadamente.
Doze dos 27 estados brasileiros realizam algum tipo de monitoramento da qualidade do ar, embora nenhum deles esteja localizado na região amazônica, segundo informou o Ministério do Meio Ambiente à Human Rights Watch em resposta a um pedido pela Lei de Acesso à Informação. Muitas das estações de monitoramento medem apenas um pequeno número de poluentes que são prejudiciais à saúde humana, de acordo com um relatório de uma organização de pesquisa em saúde, com base em dados coletados em parceria com o Ministério Público Federal.
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Referências: www.climainfo.org.br
www.hrw.org/pt
Comentários
O gov. deve fazer + fiscalizações.
muito bom